Domingo da Palavra de Deus 24 de janeiro de 2021

Subsdio Domingo da Palavra de Deus famlias e orao pessoal

«Ostentando a Palavra da vida» (Fl 2,16)

A expressão bíblica com a qual, este ano, se pretende celebrar o Domingo da Palavra de Deus é tirada da Carta aos Filipenses: «Ostentando a Palavra da vida» (Fl 2,16). Como se deduz de algumas referências, o apóstolo escreve a carta a partir da prisão. Representa certamente um dos textos mais importantes que a Igreja tem nas mãos. O texto cristológico com o qual Paulo p.e em evidência a kenosis do Filho de Deus quando Se fez homem continua a ser, ao longo de toda a nossa história, uma espécie de ponto de referência sem retorno para compreender o mistério da Encarnação. A liturgia nunca deixou de rezar com este texto. A teologia assumiu-o como um dos conteúdos principais para a inteligência da fé. O testemunho cristão encontrou nestas palavras o fundamento para edificar o serviço pleno da caridade. Se, por um lado, esta carta exprime os conteúdos essenciais da pregação do apóstolo, por outro lado mostra também como a comunidade cristã precisa de crescer no conhecimento do Evangelho. Com o nosso versículo, o apóstolo pretende expor um ensinamento importante à comunidade cristã para lhe indicar de que modo é chamada a viver no mundo. Recorda, desde logo, a importância que os cristãos devem atribuir ao seu esforço da salvação, precisamente em virtude do acontecimento realizado no Filho de Deus que Se fez homem e Se entregou à violência da morte na cruz: «Trabalhai com temor e tremor para a vossa salvação.» (Fl 2,12) Nenhum cristão pode pensar que pode viver no mundo prescindindo deste acontecimento de amor que transformou a sua vida e toda a História. É verdade que Paulo não esquece que, por muito que os cristãos se esforcem por chegar à salvação, permanece sempre o primado da ação de Deus: «É Deus que opera em vós o querer e o agir segundo os seus desígnios de amor.» (Fl 2,13) O conjunto destes dois elementos permite compreender as palavras comprometedoras que o apóstolo dedica agora aos cristãos de Filipos, tendo diante dos olhos os crentes que, ao longo dos séculos, virão a ser discípulos do Senhor. O primeiro compromisso que os crentes devem assumir é a coerência de vida. O apelo a ser “irrepreensíveis” e “puros” num mundo em que, muitas vezes, predomina a falsidade e a esperteza remete para a palavra de Jesus quando convidava os seus discípulos: «Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.» (Mt 10,16) Para que isto se possa realizar, Paulo indica o caminho a seguir: os cristãos têm o dever de permanecer fiéis e unidos à Palavra de Deus. «Ostentando a palavra da vida», os discípulos de Cristo «brilham como estrelas no mundo». É uma bela imagem, esta que o Apóstolo nos deixa hoje também a todos nós. Vivemos num momento dramático. A Humanidade pensava que tinha alcançado as mais sólidas certezas da ciência e as soluções de uma economia para garantir segurança de vida. Hoje vê- -se constrangida a verificar que nenhuma das duas garante o futuro. Emerge fortemente a desorientação e a desconfiança devido à incerteza que sobreveio inesperadamente. Também nestas circunstâncias, os discípulos de Cristo têm a responsabilidade de pronunciar uma palavra de esperança. Poderão fazê-lo na medida em que permanecerem firmemente ancorados na Palavra de Deus que gera vida e se apresenta cheia de sentido para a existência pessoal. A interpretação mais autorizada deste versículo talvez seja a de Vitorino. Este grande orador romano, cuja conversão é descrita por Agostinho nas Confissões, escrevia no seu Comentário aos Filipenses: «Glorio-me em vós porque possuís a palavra da vida, isto é, porque conheceis Cristo, que é a Palavra da vida, porque o que é feito em Cristo é vida. Portanto, Cristo é a Palavra da vida; com isto, percebemos como são grandes o lucro e a glória daqueles que suportam as almas dos outros.» O meu desejo que se transforma em oração é este: no Domingo da Palavra de Deus, descobrir a responsabilidade de trabalhar para que esta Palavra cresça no coração dos crentes e os anime de alegria pela evangelização.

Rino Fisichella

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